Uma história, seja ela um conto, um filme, ou um episódio de tv nada mais é do que um personagem enfrentando um problema. Pensando assim, é fácil entender que criar um bom personagem é metade da equação. Mas quando falamos em criar personagens autênticos, o que isso realmente significa? São personagens que ninguém criou ainda? Personagens com características excêntricas ou super poderes? Não necessariamente. O personagem mais autêntico do mundo, pode ser também, o mais normal. Tudo depende de profundidade, ponto de vista e verdade.
Continue lendo este post pra saber como criar personagens autênticos.
1 – Crie um personagem maior do que sua história
Pra ser convincente, um personagem precisa ter a consistência de uma pessoal real. Mesmo que sua história mostre apenas um capítulo da vida desse personagem sob determinado aspecto, você como autor deve ser capaz de enxergar toda sua jornada 360 graus. Comece fazendo perguntas: Como foi sua infância? Quais traumas carrega até hoje? Como é sua história amorosa? Como ele fala (gagueja, usa gírias, fala alto)? Quais são os pertences mais importantes que ele tem (um carro, uma bolinha de gude, uma roupa)? Isso não quer dizer que você vai inserir todos esses detalhes na sua história, mas eles vão servir pra você enxergar seu personagem cada vez mais como uma pessoa real, e não apenas um produto da sua imaginação. Assim, cada ação do personagem terá uma motivação profunda e uma consequência em sua história de vida, deixando a narrativa mais realista.
Não pense que você vai perder tempo fazendo todo esse interrogatório, ao contrário! Será cada vez mais fácil escrever a história conhecendo a fundo as reações do seu personagem.
2 – Mostre seu ponto de vista
Através da filosofia de um personagem, você pode mostrar seu ponto de vista sob diversos assuntos. Não importa como você criou o personagem, ele nasce das suas experiências, do seu olhar, da sua sensibilidade. Mesmo quando ele é baseado em alguém que você conhece, o personagem é o SEU ponto de vista sobre aquela pessoa. Então antes de sair escrevendo suas cenas pare e pense um pouco na mensagem que você está passando como autor. Qual o seu ponto de vista sobre o tema da história e como sua mensagem pode impactar o consumidor final?
Exercício: Pense num assunto que te deixa em cima do muro. Pense nas suas razões pra ser do contra e nas razões pra ser a favor. Depois pense nas motivações que te levaram a ser a favor e as motivações que te levaram a ser contra. Por fim, crie um personagem pra representar o lado a favor e um outro personagem pra representar o lado do contra. Crie uma cena em que os dois ficam presos num elevador.
3 – Mergulhe no auto-conhecimento
Escrever é um processo íntimo mas não necessariamente confessional. Não tenha medo da vulnerabilidade. Quanto mais vulnerabilidade, mais verdade, mais identificação com o público. A ficção muitas vezes é uma válvula de escape, uma maneira dos leitores ou espectadores vivenciarem uma experiência difícil de maneira segura, sem sair de casa (nem mesmo do sofá).
Olhe pra si mesmo e entenda da onde vem os personagens que você cria. Que parte de você eles representam? Quais questões pessoais você está tentando responder através deles? Olhar pra dentro não é fácil, é exercício. A gente é programado pra não sentir, não se expressar, não incomodar. A escrita é uma maneira de fazer isso, então aproveite.
4 – Use os cinco sentidos
Visão, tato, olfato, audição e paladar. Personagens são mais do que emocional e racional, eles são também influenciados pelos seus sentidos. Seu personagem enxerga bem? Como é seu paladar? Simples, rebuscado, do tipo que coloca fruta na salada? E os cheiros? Eu gosto do cheiro de cloro mas acho que não sou unanimidade. Como é seu aperto de mão? Tem um abraço gostoso? Essa sensorialidade dará mais vida ao personagem.
5 – Siga seu personagem
Muitas vezes nós tentamos impor uma história ao personagem quando deveria ser ao contrário. O personagem é quem deveria nos dizer pra onde ele está indo. Pense no seu melhor amigo, ou qualquer pessoa que você conheça a fundo. Com certeza você é capaz de imaginar o que essa pessoa faria em qualquer situação (acidente de carro, assalto, traição) mesmo que ela nunca tenha passado por nada disso antes. O personagem é a mesma coisa. Quando você for capaz de prever o que ele faria em cada situação, sua história vai se desenrolar com mais facilidade e naturalidade. Escrever será quase como soltar seu personagem num labirinto e observar o caminho que ele faz pra encontrar a saída.
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