Roteirista fora do eixo Rio – São Paulo

Roteirista fora do eixo

Como ser roteirista fora do eixo Rio-São Paulo?

Quando a gente pensa em começar uma carreira de roteirista, dependendo de qual parte do Brasil estamos localizados, o primeiro impedimento costuma ser geográfico. Como trabalhar em uma área cuja produção está super centralizada no eixo Rio-São Paulo quando suas vivências são de um roteirista fora do eixo?

Meu nome é Mar Fagundes, eu nasci e moro no sul do Brasil e, a partir da escrita literária e da dramaturgia, me aproximei do roteiro audiovisual em 2021. Sou uma pessoa transmasculina branca e minha formação em roteiro foi por meio de cursos gratuitos do governo, bolsas em cursos pagos e participação em eventos.

Para escrever esse artigo tive a oportunidade de entrevistar profissionais do mercado que trabalham como roteiristas – entre outras funções – de diferentes regiões do Brasil e com caminhos de carreira diversos. Foram diálogos muito ricos para refletir um pouco sobre impedimentos e possibilidades geográficas e pensar nas realidades locais do território nacional. Todas as roteiristas com quem falei já trabalham faz um tempo com audiovisual, então pude aprender muito ouvindo-as e refletir mais profundamente sobre as perspectivas na minha região. Bora conferir?

Roteirista fora do eixo

Ceci Alves é roteirista e diretora baiana, com séries e telesséries desenvolvidas para a HBO Max , Universal, e outros players. Ela já trabalhou com as produtoras Giros Filmes, Prodigo Films, Paranoïd BR, Jabuti Studios e Floresta/Sony Pictures. Roteirista e montadora formada pela Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños, La Habana, Cuba. Fez Master 2 em Direção pela École Supérieure d’Audio-Visuel, Université de Toulouse, França e é doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia. Diretora, roteirista, produtora, curadora, professora, jornalista e palestrante, seu trabalho autoral possui um viés musical e suas obras têm, como missão, desenvolver questões políticas e dar protagonismo aus excluídes. É reconhecida curta-metragista e documentarista, com premiações no Brasil e no exterior.

Rayane Penha nasceu numa comunidade ribeirinha do interior do Amapá. Trabalha com audiovisual faz uns 10 anos. Na escola onde ela estudava tinha um projeto cultural que oferecia oficinas de cinema e depois de realizá-las, ela passou a ser oficineira. Assim, ela foi conhecendo mais gente da área e sendo chamada para fazer produções audiovisuais em comunidades tradicionais, fazendo assistência de diferentes departamentos. Através de um edital do Canal Futura, Rayane fez seu primeiro curta e começou a atuar também como produtora e distribuidora.

Ana Domitila trabalha faz ao menos 10 anos com audiovisual, seu início de carreira foi nos videoclipes. A indústria da música é bem forte em Goiânia e ela fazia roteiros para artistas locais. Com o tempo, começou a trabalhar com institucional e comunicação para empresas. Querendo focar mais no roteiro de ficção, Ana entrou em uma faculdade de cinema estadual. A partir de um projeto de extensão em núcleo de roteiro, recebeu uma indicação para ser assistente de uma sala da Paris Filmes para a Prime Video. Seus primeiros laboratórios foram no Festival Goiânia Mostra de Curtas.

Realidade Local

O Brasil é muito grande e cada território é um universo. Embora diferentes estados tenham diferentes especificidades, é comum quem é roteirista fora do eixo Rio-São Paulo sentir falta de um maior investimento no audiovisual, seja de forma pública ou privada.

Goiânia

Ana Domitila ressalta a diferença de recursos financeiros, pois em Goiânia muitos editais de produção para curta são no valor de apenas 10 mil reais. Mesmo agora, com a LPG, enquanto SP recebe 70% dos recursos nacionais, o valor de desenvolvimento de longa em Goiás está em 20 mil reais. A nível de comparação, no que acompanho na região Sul, os editais oferecem 150 mil para a mesma categoria. Além disso, as produtoras audiovisuais em Goiânia acabam sendo familiares, empregando apenas quem é próximo, o que afeta a possibilidade de profissionalização da indústria regional. Mais recentemente, porém, produtoras locais têm montado algumas salas de roteiro, inclusive na área de animação.

Amapá

Rayane explica que no Amapá não há uma política pública voltada para cultura e são raríssimos os editais estaduais. Com a escassez de recursos, outros setores acabam sendo contra valores altos para o audiovisual, o que torna a produção muito difícil. Rayane também já recebeu prêmios de editais de apenas 10 mil reais para produção e deu um jeito de executar, mas com esse valor é impossível remunerar a equipe e arcar com a logística e gastos de produção. 

Bahia

Para Ceci, na Bahia há tempos que se luta muito por oportunidades no audiovisual e na cultura. Nos anos 90, a militância do professor e cineasta Guido Araújo resultou na prova de seleção da Escola de Cinema de Cuba também na Bahia. Antes disso, só havia prova em São Paulo e no Rio de Janeiro. Essa mobilização, inclusive, permitiu que Ceci, em 94, passasse em primeiro lugar na prova e fosse estudar roteiro e montagem em Cuba.

As produções audiovisuais de Salvador e Cachoeira têm ganhado reconhecimento nacional, mas é recente a implementação de faculdade pública de cinema. Em termos de editais e fomento público, Ceci considera a situação um pouco triste em comparação com, por exemplo, Pernambuco, que ela sente que já está melhor estruturado.

Santa Catarina

Na minha percepção, acompanhando as capitais do RS e de SC, a região Sul possui um maior número de editais e valores mais altos. Ainda assim, esse recursos são insuficientes para pagar contas mensais (acreditem, eu já tentei).

Existe um número expressivo de produtoras audiovisuais, mas as demandas que elas têm não são o suficiente para que haja contratação significativa, pelo menos não de alguém em início de carreira.

Por outro lado, em Porto Alegre, foi criado por roteiristas locais, o Frapa, que com certeza contribui muito para aumentar redes e possibilidades de trabalho.

“Quem não é visto, não é lembrado.”

Ceci Alves

Roteirista fora do eixo – Entrar no mercado

Nesse contexto de poucos recursos disponíveis para o audiovisual, existe uma discrepância entre o funcionamento do mercado no Sudeste e em outras regiões. A noção de valores, negociação e o que se espera dos currículos são muito diferentes. 

Ana Domitila explica que, no processo de montagem de uma sala de roteiro, embora seja comum buscar roteiristas do estado em que se passa a narrativa, essas vagas são a minoria. Pessoas do Rio e de São Paulo formarão a maior parte da equipe. Como importa muito a bagagem e as referências, se suas experiências profissionais são no seu local de origem, as produtoras não vão conhecer os artistas ou empresas com quem você trabalhou, mesmo que sejam super relevantes no seu estado. A maior dificuldade acaba sendo geográfica porque você nem tem a chance de chegar lá –  e esse chegar não é apenas físico, mas também simbólico, pelo currículo não ter nomes do Sudeste.

Ceci Alves sente que quem não é visto não é lembrado pelo mercado, então é necessário estar inserido para ser considerado para vagas. Isso, porém, é mais difícil de concretizar se você permanece no seu local de origem. Ao mesmo tempo, a reivindicação do público por histórias diversas incentiva a busca por profissionais de diferentes regiões.

Rayane Penha já está no quinto projeto como realizadora, fazendo desenvolvimento e captação de recursos por meio de sua produtora. Ela já escreveu roteiros de séries independentes no Pará e no Amazonas e tem trabalhado muito com consultoria, porque as pessoas têm olhado muito para a Amazônia e ela possui um trabalho bastante ligado ao território. Mas ela sente que um profissional do Norte é chamado apenas quando se aborda essas temáticas, ainda mais se tratando do Amapá, que sendo um estado menor, é menos lembrado ainda.

Eu, particularmente, todas as vezes que me senti caminhando mais certeiramente na carreira que escolhi, foi através de cursos e eventos nos quais estavam presentes profissionais de São Paulo. Como meu foco de carreira é trabalhar em salas de roteiro, e não em direção ou cinema independente, é como se eu nem cogitasse que fosse possível alcançar meus objetivos por meio de produtoras locais.

Roteirista fora do eixo – O impacto do trabalho remoto

Roteiristas fora do eixo RJ-SP

O aumento do trabalho remoto ajudou bastante na inserção de roteiristas de diferentes localidades num primeiro momento.

Todavia, Ana Domitila sente falta de um esforço na continuidade, pois tem a percepção que a maioria das salas voltaram a ser híbridas ou presenciais.

Sim, existiu roteirista fora do eixo que conseguiu entrar no mercado do Sudeste por causa da criação de salas virtuais. Contudo, depois não houve convites para retornar às salas, então o jeito foi voltar a fazer roteiros de comunicação para empresas e redação.

Rayane acredita que atividades remotas foram muito importantes num lugar de possibilidade de formação. Surgiram muitos cursos online que possibilitaram que mais pessoas acessassem conhecimentos, contudo, ela não vê um desdobramento que gere inserção profissional, para além do aprendizado.

Todas as entrevistadas relataram ter vontade de viver no seu estado de origem, construir o audiovisual local, poder atuar na profissionalização do setor e descentralizar as produções das grandes empresas do Sudeste. Porém, financeiramente, muitas vezes fica bastante difícil se sustentar do audiovisual contando apenas com a indústria local. Ana Domitila acumulava muitos trabalhos ao mesmo tempo quando estava em produtoras apenas de Goiânia, Ceci conciliava suas produções audiovisuais com a carreira de jornalista antes de se mudar para o Rio e Rayane atua desde a elaboração de projetos até a distribuição para conseguir realizar seus filmes.

Porém, viver no Rio ou em São Paulo implica em se mudar para cidades superlotadas, bastante caras e com muitos problemas estruturais, onde você será alguém de fora.

Construindo alternativas

Ceci resistiu muito em se mudar, porque tinha uma militância muito forte de não querer sair de Salvador para fazer o que ela faz. Ela não abandonou essa vontade, mas deu-lhe outros contornos, porque começou a sentir que era uma luta meio perdida. Embora os colegas admirassem sua experiência e suas realizações, isso não era o suficiente para conseguir vagas em trabalhos mais renomados enquanto estava morando em Salvador. Ceci vê que tem muita gente boa fazendo cinema na Bahia, mas não são sequer cogitados porque não se conhece essas pessoas, não existe uma base de dados.

Percebendo esse obstáculo, Ceci e a produtora e roteirista Carollini de Assis montaram, durante a pandemia, o projeto Vamos Fazer Coisas Juntes? e Live de Roteiristas, para discutir questões com outros colegas, criar redes e pensar a profissão. A Live de Roteiristas tomou uma dimensão bem grande que desencadeou em mobilizações como Caravanas com descontos para que roteiristas de regiões mais distantes consigam ir ao Frapa 2023, contribuição para a criação da Associação de Autores Roteiristas da Bahia e também levantamentos de dados sobre roteiristas localizados fora do eixo.

Slogan do projeto  "Vamos fazer coisas juntes?"

Nessa busca para incluir profissionais que não estão no centro, combater desigualdades e alcançar sucesso na carreira se tornam objetivos não individuais, mas coletivos, o que é muito lindo. Ceci e Carollini mostraram que unindo-se com outros colegas de regiões menos favorecidas é possível ganhar mais força e abrir caminhos. Inclusive, se você tiver interesse em preencher, tá aqui o formulário do Banco de Autores Roteiristas.

“A gente fala de nacional como se fosse o Sudeste e o resto, é regional.”

Ana Domitila

Roteirista fora do eixo – Olhar localizado

Nossa sociedade atualmente aceita refletir sobre lugar de fala. Mesmo quem não concorda com essa perspectiva, está familiarizado com a ideia de que seu corpo, sua identidade e suas experiências podem construir sua visão de mundo. Porém, quem sempre foi considerado detentor de um olhar neutro muitas vezes não percebe que seu olhar é tão localizado quanto o dos demais.

Ana Domitila abordou bastante esse assunto, explicando que, às vezes, a visão do Sudeste sobre outras regiões se baseia em estereótipos para acessar o imaginário coletivo do que seria aquele local, ao invés de partir das reais vivências de quem é dali. Isso se reflete na precariedade com que outras regiões costumam ser retratadas ou em como geralmente só os personagens mais pobres têm o sotaque local.

Falar para transformar

Para Ana, não é perceptível uma busca por reciprocidade: as produtoras e profissionais do eixo não valorizam muito eventos e festivais de outros lugares, como se não houvesse o que aprender e conhecer nas demais regiões. A vontade de incluir existe, mas é limitada. E um dos motivos que Domitila vê para essa limitação é pela falta de gente falando sobre essas questões. Ela sente que um roteirista fora do eixo que acessa o mercado audiovisual fica tão grato por ser contratado que não faz críticas.

Ceci concorda que alguns profissionais não querem falar sobre isso com medo de se exporem e perderem convites para jobs. Ela, porém, considera que a discussão pode tornar as coisas melhores para todo mundo, inclusive para o agente de mercado que está nos contratando. Além disso, a pressão popular e da audiência também cobra por melhor representatividade na mídia. Na época da novela “Segundo Sol”, as pessoas não se identificaram com aquela história que se passava na Bahia mas não era contada por baianos, com o núcleo principal de personagens brancos na cidade mais negra fora da África e isso foi tensionado, inclusive na Justiça.

Roteiristas fora do eixo RJ-SP
Representatividade?

Rayane considera que existem editais e projetos sociais para pessoas das periferias ou de identidades marginalizadas do Rio e de São Paulo. Mas, mesmo quando se tem um olhar para a periferia, não se tem um olhar para a região Norte. E muitas vezes quando se tem um olhar para a Amazônia, não se tem um olhar para o Amapá, a prioridade são as capitais do Pará e do Amazonas. “A gente sempre pontua que o Amapá é a periferia da periferia.” – diz Rayane.

Roteirista fora do eixo – Como fomentar a indústria local?

Roteiristas fora do eixo RJ-SP

Em meio a tantas disparidades, o que pode ser feito? Um dos pontos que tornou essas entrevistas tão interessantes é que todas as roteiristas com quem conversei refletiam muito sobre seus territórios e sempre lutaram, ao longo de suas carreiras, para fortalecer o audiovisual de suas regiões. Por isso, elas possuem visões bem aprofundadas sobre como transformar a realidade.

Incentivo público e descentralização privada

Ana considera que o primeiro de tudo é um incentivo público: os editais precisam ser mais equânimes, pois não é como se Goiás não produzisse nada para justificar tamanha diferença de valores. Tem longa-metragem sendo feito, mas sem recurso público, só quem tem dinheiro para fazer que faz. Domitila sente falta também de um investimento maior nas universidades públicas com curso de audiovisual, pois faltam equipamentos, estúdios e salários dignos para professores.

Ao mesmo tempo, Ana pontua que as empresas privadas seguem operando na lógica de puxar os talentos para o Sudeste, ao invés de tentar executar projetos em outros estados, como se houvesse uma insegurança em dar dinheiro na mão de quem não é do eixo. Para ela, seria muito importante que empresas de audiovisual maiores construíssem parcerias com produtoras descentralizadas e investissem em projetos de outras regiões. A fim de minimizar diferenças de acesso, seria pertinente oportunizar formações, especialmente sobre negociações e produção executiva.

Necessidades regionais

Ceci concorda com a importância de fortalecer a produção local, pois precisamos de políticas públicas que contemplem a diversidade nacional. Para ela, porém, edital não é política pública, pois depende de sorte e não propõe uma continuidade, é um paliativo, um direcionamento. O edital abre o fluxo, mas é necessário também ver quais são as necessidades daquele mercado. Só agora, por exemplo, está sendo colocado em prática um Bahia Film Comission e um Salvador Film Comission. Por isso, é importante pensar formações e condições para que o ambiente de mercado se fortaleça.

Rayane acredita que estamos num lugar de transformação e que a reestruturação do Ministério da Cultura está sendo importante, porque as atuais gestoras estão com um olhar para a descentralização e querendo chegar em todas as regiões. O ministério tem estado presente na região Norte, pensando justamente nessa ausência de políticas públicas voltadas para Cultura, e isso tem sido encabeçado por pessoas que conhecem bem a região. Iniciativas como a inclusão do custo amazônico estão sendo debatidas, porque os valores de transporte são muito grandes, pelas distâncias e dificuldades de deslocamento.

Dicas para trabalhar como roteirista fora do eixo

E depois de tudo isso, por onde começar e como não desanimar? Com certeza as entrevistadas têm algumas dicas!

Formação

Ana Domitila considera muito importante procurar laboratórios locais e festivais de cinema de sua região. (Nos posts “Como estudar roteiro?” e “Festivais de roteiro” você encontra algumas possibilidades descentralizadas.) Ana também pontua que quem puder e conseguir entrar na universidade é um ótimo caminho, apesar de serem quatro anos, pois proporciona uma noção mais ampla do que é o cinema. Especificamente para quem quer começar como assistente, ela considera importante aprender os pacotes básicos do Google, como o Sheets, entender bem as tabelas, como importar e exportar arquivos e organizar tudo. Por existirem barreiras com profissionais de fora do Sudeste, Domitila sente que ter um domínio excelente de português e de estrutura de roteiro é essencial. Para trabalhos na assistência, esse conhecimento também contribui para aprimorar o roteiro que você estiver revisando sem interferir no trabalho do roteirista.

Persistência

Rayane Penha pontua que não existe uma receita para conseguir conquistar um bom espaço profissional, porque as desigualdades não desaparecem de uma hora para outra. Mas a gente precisa persistir e não desistir de contar as nossas histórias da forma que for possível. Como ela explica: “Às vezes não tem como contar do jeito que a gente está sonhando e imaginando, mas de alguma forma é possível. Se a gente continuar persistindo em ser essa voz, em algum momento a gente vai alcançar os lugares. E os lugares mais necessários nem são externos, mas que as pessoas do nosso próprio território possam ouvir histórias que tem o som e a cara da gente, porque isso faz a gente mudar muito.”

Tarot

Roteiristas fora do eixo RJ-SP  
Carta do louco no tarot

Ceci Alves trouxe a referência da carta do louco no tarot, que é a carta dos começos. Na descrição dela: “A pessoa está indo e tem um precipício na frente, mas ela tem um bastão, ou seja, tem uma ferramenta. O cachorro está mordendo, existe um obstáculo, alguma coisa puxando a pessoa para trás. Então, o roteirista que estiver iniciando, não importa a idade, ele tem que ser esse louco de se jogar mesmo, mas se jogar se instrumentalizando. Estudar, se informar, saber o que o mercado está querendo e procurar na sua base também o que você precisa para ser roteirista. Não dar ouvidos aos cães mordendo seu calcanhar, mas mentalizar e se preparar, porque o mercado quer novas histórias e o mercado é um poço sem fundo. Não existe só o streaming, você pode contar histórias para os seus pares. Se jogue no vazio.”

Para ser um roteirista fora do eixo

A gente vive num país extremamente desigual e hierarquizado, de múltiplas realidades. Embora a produção seja centralizada no eixo Rio-São Paulo, é muito simplista supor que as demais regiões estejam partindo do mesmo lugar. Iniciativas de mercado regionais mostram isso: enquanto a região Sul se aproxima de Espírito Santo e Minas Gerais, no Nordeste algumas capitais têm conquistas relevantes, mas outros territórios seguem bastante excluídos e as regiões Centro-Oeste e Norte vivem diferentes lutas. Ter a oportunidade de conversar com essas três profissionais me ajudou a visualizar melhor essas diferenças e entender quão longo pode ser o caminho dependendo de onde você vive. Percebi que minha visão dessa questão tão complexa não era aprofundada o suficiente, principalmente devido ao meu pouco tempo de carreira. 

O caminho parece difícil, mas acredito que é justamente falando sobre essas dificuldades e as disparidades existentes que vamos conseguir transformá-las. Ser roteirista não parece um objetivo final a se alcançar, do tipo “agora sim assinei meu contrato”, mas uma estrada com muitos tipos de experiências, que vão, aos poucos, te definindo profissionalmente. A jornada do escritor, no fim, envolve sempre persistência. E não existe, na minha visão, como contar histórias diversas sem autores diversos para essas histórias.

E na sua região, como é o mercado audiovisual? Quais as maiores dificuldades que você percebe para ser um roteirista fora do eixo? Você se identifica com as questões trazidas pelas entrevistadas? O que mais pode ser feito para fomentar indústrias locais? Conta pra gente! 

E para quem ainda não viu, a Andrea também tem umas dicas preciosas de como entrar no mercado que estão disponíveis no Youtube.

One thought on “Roteirista fora do eixo Rio – São Paulo

  1. Rita Bergo says:

    Ola…. Eu gostaria de obter uma orientação de voces… Eu tenho vários materiais escritos (roteiros, estórias, contos) e gostaria de doar tal material para ser aproveitado por roteiristas, escritores, etc… Eu ia iniciar nessa área, mas por razões pessoais tive que deixar de lado, por isso eu estou querendo doar esse material. Se alguém se interessar, me manda uma mensagem py2pbb@hotmail.com… Aquele abraço…
    Rita

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